Thursday, August 31, 2017

Que sejam inteiros, mesmo que seja apenas o vazio.

Cansei das ausências, das pessoas não recíprocas e dos caminhos que não contribuem para o meu crescimento. Mereço companhias melhores e experiências maiores. Nada de possíveis mais ou menos. O que quero é seguir em frente. É ter inteiros acolhidos por quem realmente se importa, por quem encontra prazer na minha parceria e companhia.

De uns tempos pra cá, aprendi a reconhecer os abraços nos quais não sou bem-vindo. Já entendi que o melhor a ser feito, nesses casos, é poupar o meu tempo e o da outra pessoa. Não escondo desinteresses. Não impeço entregas. A diferença entre eles é que enquanto um fala sobre o desapego de quem nunca foi presença, o outro discursa sobre não ter medo de demonstrar gratidão para quem sempre esteve perto. Reconhecimento é entender das próprias descobertas, sabendo distinguir quem veio para somar e quem veio para diminuir, ou ainda para quem veio fazer nada.

Também aprendi sobre seguir em frente. A não pesar o coração com arrependimentos em relação a situações e julgamentos de terceiros. Entendi que nem tudo está sob o meu controle. Que não é covardia mudar de trajeto, de desistir de algo ou alguém e, ainda, de não acordar preocupado com atender expectativas alheias. É tão difícil atender as minhas próprias, né? Cada um carrega a sua própria realidade e querer empurrar verdades goela abaixo, não é liberdade. E oq serve pra mim, pode não servir para você e vice versa.

Por último e tão imprescindível quanto os aprendizados anteriores, receptividade para novos inteiros. É permissão diária e um constante movimento de renovação e consciência do amor próprio. Nunca comodismo e distanciamento para a plenitude de um instante. O mais ou menos fere. O mais ou menos não comporta felicidades. Permitir novos inteiros quer dizer amor num copo cheio, transbordando o que houver de melhor dentro de si.

Cansei dos possíveis encontros. Quero o agora a cada despedida. Eu mereço.

A arte de viver a vida

Em mundo cada vez mais burocratizado, automatizado e organizacional, que nos engole com suas cobranças e determinações, aonde podemos encontrar liberdade para sermos quem somos e sonharmos?

Obviamente, na vida normal existem obrigações, coisas que nos chateiam, que nos deixam mecânicos, encontros que nos entristecem, isso é natural, uma vez que a vida é composta de contrastes e, assim, se existe liberdade e felicidade, também há incongruências e tristezas. Todavia, parece que o lado sombrio tem se sobresaído e deixado tudo escuro, fazendo com que, inclusive, deixemos de lembrar que existe algo a mais para se viver.

Somos a geração das conquistas materiais, das realizações impossíveis, do amanhã, e, com isso, estamos mergulhados em depressões, sufocados por ansiedades. Vivendo à base de anestésicos existenciais, consumimos oq não precisamos, acumulando aquilo que nos prende, desejando a morte a semana inteira e buscando desesperadamente a alegria no “happy hour”. 

Mas não encontramos, enquanto a felicidade só mora no agora. E nós insistimos em querer encontrá-la no futuro ou em grandes realizações, correndo atrás de um protocolo, como se fôssemos um produto industrializado.

Insistimos, mas não encontramos e por isso estamos tão tristes. Não à toa, tudo que fala de sonhos ao que já não se enxerga, demosntra que existe algo de muito errado com a forma que temos levado as nossas vidas, já que não há sentido em viver sem acreditar naquilo que nos constitui de forma mais profunda.

Problemas, contratempos, desafios sempre vão existir, afinal, não existe caminho perfeito. Porém, se somos realistas o bastante para compreendermos que não há um caminho para a felicidade, por que preferimos nos submeter a caminhos impostos a nos guiar por onde acreditamos que será melhor, não para os outros, nem para a sociedade, mas para nós?

Existe uma vastidão no mundo, que a cada dia tem mais e mais coisas a ser “exploradas”, mas na mesma medida há em nós um vazio tão grande, que essas coisas só conseguem cumprir a sua obsolescência programa, já que o humano é sedento pela essência da vida, por tudo que é vivo, que é luz em meio à escuridão, e não por coisas mercantilizáveis.

O que é um homem sem o direito inalienável de sonhar? Talvez seja uma casa que não abre as janelas. Talvez seja o músico que não pode tocar. Talvez seja um homem que talvez viva ou talvez morra, porque já não importa. Talvez seja o homem que já não é humano. E, assim, a existência se guia por uma linha frágil e faminta, que ao deixar de sonhar, não passa de uma mera caricatura da vida. A vida além de ser vivida, precisa ser sonhada